Toda vez que chego em casa no final de um dia extremamente estafante, a primeira coisa que faço antes de me travestir de dona de casa, é dar uma olhada nas notícias do dia, um pouco atrasadas, mas mesmo assim posso me informar. Num desses dias estafantes, liguei a TV e me surpreendi com a notícia de que um jogador de futebol renomado queria mudar o local de um jogo, para um local mais badalado e famoso para comemorar seu milésimo gol.
Parei diante da TV e fiquei impressionada com a ênfase que se dava para tal façanha, como se num jogo de futebol o único e principal objetivo não fosse colocar a bola pra dentro da trave. E é aí que entra minha pergunta: “e o que eu estou fazendo em minha profissão? Eu e milhares de educadores que têm tarefa mais árdua do que o jogador de futebol, acredito eu, quando tem de colocar na sociedade crianças com autonomia para atuar como cidadãos competentes.
Outro dia estava lendo um livro, desses que a gente ainda insiste em ler pra ficar atualizada e não deixar que a educação piore por falta de estudo. Pois bem, foi num desses livros técnicos que comecei a refletir se valia o sacrifício de ensinar, se é que se ensina alguma coisa a alguém hoje em dia.
Depois de ler algumas páginas, enquanto o noticiário fazia o alarde com tal desespero de causa para se decidir o tal milésimo gol, fiquei tão irritada com a situação (e há males que vem pra bem) que tive a ânsia de escrever esse artigo. Talvez para desabafar um pouco, já que nunca seremos ouvidos nesse País da mesma forma que um jogador de futebol. Faço aqui, a minha parte, talvez de uma forma tão ínfima que nem seja notada, mas que já será um grande alívio.
Ao trazer essa significação para o conceito de educação que se faz, posso retornar à exploração que procurei fazer sobre a lógica da comemoração desse milésimo gol e sobre a quantidade – que não é menos que isso – de crianças alfabetizadas por muitos professores munidos de um conjunto de qualidades se caráter positivo, fundadas no bem comum com a finalidade de realizar os direitos coletivos de uma sociedade que se quer.
Publicado em 01/10/2007
Queila Medeiros Veiga
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário