Curso de pedagogia no Brasil

Historicamente, o curso de Pedagogia, no Brasil, tem sido marcado por momentos de




altos e baixos; com uma sucessão de indefinições e com repercussões no campo do



conhecimento e da formação profissional do pedagogo. Atualmente, para além de especialista



em educação – administrador escolar, supervisor educacional ou orientador educacional – o



pedagogo é um generalista, um professor, formado para a docência na Educação Infantil e nas



séries iniciais do Ensino Fundamental.



Assim sendo e considerando as diferentes possibilidades de atuação do pedagogo na



instituição escolar, questiona-se neste trabalho: como está sendo visto e como o próprio



pedagogo se vê, no âmbito escolar? Qual o espaço de atuação desse profissional como um



articulador do processo ensino-aprendizagem na escola?



Para responder a essas questões, desenvolve-se uma reflexão sobre as especificidades



do conhecimento e da atuação do pedagogo como “coordenador” do processo pedagógico no



cotidiano escolar.



2 Nesta direção e com base nos dados coletados, procurou-se evidenciar o campo de



atuação e as características da função do coordenador pedagógico como responsável pela



práxis educativa na condução do trabalho pedagógico.



No decorrer da história da educação no Brasil as necessidades econômico-sociais



transformaram o debate pedagógico, prevalecendo a escola como aparelho de dominação



cultural e política. Isso significa que a ideologia política, intencionalmente, teve papel



coercitivo nas práticas pedagógicas nacionais (XAVIER, 1990), inclusive com a divisão do



trabalho pedagógico, repercutindo na criação das funções de administrador escolar, supervisor



educacional e orientador educacional.



Entretanto, as referidas funções somente ganharam status de profissão com o Parecer



CFE 252/69, que caracteriza a importância que deve ter um técnico em educação, no caso o



pedagogo como especialista, no ambiente escolar. Desse modo, refletem-se na educação e no



trabalho dos pedagogos as relações sociais cultivadas no capitalismo, em que a dicotomia



entre especialistas e professores configura a ideologia do sistema, de fragmentação do



trabalho pedagógico.



Na perspectiva de reprodução da sociedade capitalista, a orientação educacional



originou-se com o objetivo de atender ao educando quanto à formação de homem produtivo,



orientando-lhe profissionalmente. Essa profissão também se desenvolveu sob influência da



Psicologia, uma vez que se voltava à orientação terapêutica ou psicológica, isto é, de



aconselhamento ao aluno, procurando ajustá-lo ao modelo de família e de escola da/para a



sociedade capitalista. Desse modo, cabe à orientação educacional desenvolver junto aos



alunos a reflexão teoria-prática e a troca de experiências; a observação e análise de



problemas; a busca de soluções a partir da pesquisa, leitura e debate pedagógico.



Quanto ao supervisor educacional, a concepção empresarial caracterizou sua função



como sendo de controle de produção e rendimento do trabalho pedagógico, buscando executar



tarefas segundo diretrizes e decisões impostas pelo sistema.



Entretanto, a partir das mudanças ocorridas na história do curso de Pedagogia, teve



início uma reflexão com relação ao papel do supervisor no processo educacional. Assim, o



supervisor deveria ser um profissional envolvido com a construção de um projeto políticopedagógico



voltado para a ação escolar, o qual fosse capaz de produzir espaços para se



desenvolver o saber escolar.



Essa nova visão em relação ao papel do supervisor educacional deu-se também com



relação ao orientador educacional, que com o passar do tempo deixou de atuar somente com o



intuito de orientar os alunos para o trabalho, passando a orientá-los para a formação humana.



3 Nesta direção, as figuras do supervisor educacional e do orientador educacional vêm sendo



fundidas, no decorrer da história, e dando lugar à figura do coordenador pedagógico na



instância escolar.



Todavia, em algumas unidades escolares ainda está presente a questão da dicotomia



supervisão/orientação e professor/especialista em detrimento do trabalho coletivo; da



interação professor-alunos-coordenação pedagógica. Interação que se faz possível perceber na



maioria das escolas onde o pedagogo exerce ambas as funções – supervisor e orientador



educacional -, porém, não no sentido de policiar os professores ou de, simplesmente,



aconselhar alunos, e sim no sentido de fazer a articulação do processo pedagógico.



O encontro das atribuições do supervisor e do orientador educacional na figura do



coordenador pedagógico indica uma resposta negativa à fragmentação do trabalho pedagógico



na escola. Conforme Clementi (2005, p. 55), “quando o coordenador assume que sua função é



acompanhar o projeto pedagógico, formar os professores, partilhar suas ações, também é



importante que compreenda as reais relações decorrentes dessa posição”, pois o trabalho



coletivo produz ricas experiências pedagógicas que contribuem para promover uma parceria



na qual todos os envolvidos têm posições políticas definidas, com base nas quais refletem,



criticam e indagam a respeito de seu desempenho como profissionais.



(O pedagogo no papel de coordenador pedagógico; Miranda, Marcia - I Congresso de educação UNIPAN)

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